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Suicídio a luz da lua

O vento no topo era mais forte. Meu cabelo rodopiava com cada lufada de ar. Meu vestido branco, agora já sujo pela areia, rasgado pelas pedras e molhado de sangue; parecia uma bandeira de paz... paz era o que eu sentia naquele momento.

O mar a beirada da montanha com sua espuma límpida lembrava-me o champanhe doce e comemorativo.
"Brindemos".
A luz da lua refletida na imensidão do mar tornando-o um espelho prateado infinito.
"Pequemos".
As estrelas traziam lembranças boas, brilhavam sem compromisso, brilhavam por brilhar.
"Sentimos".
Aquela noite era especial. As marolas em seus movimentos fatídicos e repetidos lascando as pedras em que tocava, sempre persistentes, sempre fortes, sempre límpidas.
Olhei para baixo, para o mar e para o reflexo tortuoso da lua. Pude ver meu reflexo no espelho de prata, pude ver meu interior... corroído, podre, escurecido pelo tempo... eu era a pedra, o mar e as estrelas... sempre forte, sempre persistente, sempre brilhando...
"Brindemos, pequemos, sentimos".
Abri meus braços, fui tomada pelo ar, fechei os olhos, lágrimas escorriam... irei tornar-me o que sou, quem realmente sou... voltarei para meus iguais... eu era um pássaro branco livre e em paz... voaria para onde eu quisesse...
Eu era a pedra que sempre se mantinha em pé independente do que acontecesse, eu era as estrelas brilhando infinitamente mesmo depois de sua morte, eu era o mar forte e impetuoso que dominava o que queria e tomava o que queria...
Eu era infinita!
Brindarei com o mar naquela noite de seu próprio champanhe.
"Brindemos".
Serei tomada pela imensidão do espelho de prata.
"Pequemos".
Serei invadida pelas estrelas, me tornarei uma.
"Sentimos".
Abri meus olhos.... olhei para a montanha, ficando longe... parti com meus iguais... agora eu era o champanhe, o espelho e o brilho... eu era forte, imponente e infinita... eu fui a Lua... agora sou apenas meu próprio reflexo... ainda brilho entre as estrelas, nunca serei esquecida... nunca deixarei de ser o mar... nunca deixarei de ser eu...
E como em um abraço, o mar me tomou.
...

- HB.

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