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Oração para Lua

A manhã vem com O calor do sol e o brilho do dia Mas é a noite que traz  Intimidade, reflexão e acolhimento Que ilumina a escuridão do céu  E traz, em suas fases, as deusas E suas três faces  A virgem, mãe e anciã Selene, Hécate, ou Jaci As Deusas com seus mistérios  Me fazem olhar para dentro  E cuidar de mim e dos meus sentimentos Enfrentar meus monstros  E toda noite agradeço, aceito, peço e jogo pro universo

Oração à Afrodite

Se Cronos, pai temporal, permitir Que Afrodite preencha-me Com toda a espuma do mar E que transborde pelo meu peito Todo o amor que algum dia deixei de dar Para mim mesmo (e muito mais) Sob sua benção e proteção  Que Eros e Cupido curem o meu coração  Que reverbere por todo meu corpo Reconstrua essa morada amarga E que receba carinho e atenção  Esse ser redescoberto e incongruente  Que ame suas feridas e os remendos Que encontre no imperfeito sua revolução  [De ser quem se é 

Para o meu primeiro amor

Eu tive sorte quando encontrei o amor pela primeira vez E azar de perdê-lo sem perceber de que era a última Não sei se haverá uma segunda chance Mas se houver, não deixarei você partir (nunca mais) Apesar de toda dor do fim Acredito que amarei uma vez mais  E talvez tantas outras Mas nunca te esquecerei O sol está se pondo Não no horizonte, Mas dentro de mim A escuridão cai, já não existe esperança  Nem mesmo as estrelas brilham A vida perdeu sentido para mim  [Estou aprendendo a viver sem você. Dói, mas não é o fim

Exploração espacial

I Você percorria meu corpo nu  Com seus lábios e dedos macios  Não era o sexo que importava  Era a lembrança que a gente criava Ficava impressa na memória  Do tempo, a nossa história. E a cada noite, nos descobríamos mais Dois corpos nús, um do outro  Você se demorava em meu rosto E cochichava ao pé do ouvido  O quanto me amava  Mas foi no mais diminuto detalhe  Que você se demorava  Nas três pintas sequenciadas em meu rosto  II As quais você nomeu, carinhosamente, De Três Marias Me tornei, naquele instante,  O manto escuro da noite Minha pele era um universo inteiro Que você explorava com cuidado  Como se fosse algo raro  Delicado de mais para tocar  E perigoso de mais para perder  Mas você é corajoso E me explorou por inteiro E encontrou, num canto distante do espaço, Três estrelas. Você podia ter tudo  Mas preferiu se deter aquele brilho  III  E como sempre  Mostrou-se atento ao que ninguém vê Encontrou ali o que era belo O que sempre está perdido E em outras expedições  Também enco

Olhos castanhos

O metrô segue veloz.  Antes de parar na Sé, você me beija nos lábios e na testa, como em todos os dias. Mas então você levanta meus óculos e, segurando o meu rosto, você diz: seus olhos são lindos. Eu sempre achei eles comuns, iguais aos de todo mundo que têm olhos castanhos. Nunca vi nada de especial.  Mas você enxergou neles algo mais. O metrô freia, anuncia a estação, e você desembarca dizendo o quanto gosta de mim.  Depois que você sai do vagão, eu acho que entendo o seu elogio.  Sempre tive necessidade de compreender as coisas, é assim que levo a vida. É preferível entender do que deixar as coisas serem.  O que importa é que, nesses 15 segundos entre você desembarcar, subir as escadas, a porta se fechar e o metrô partir novamente, eu entendo o que você disse.  O que você enxergou nos meus olhos que os deixam mais bonitos, que te fazem parar por 3 segundos só para me elogiar - que me faz arrepiar e me sentir amado. O que você enxerga em mim, na verdade, é algo entranhando lá dentro

Com urgência

Vivo com urgência De falar tudo que penso  Por medo de esquecer  Ou ser esquecido De perder pensamentos  E não ter tempo de comentá-los Discutí-los  Colocá-los em prática Urgência em sentir e ser sentido De tocar, cheirar, ver e comer  Viver todas as experiências possíveis Vivo com urgência  Com necessidade de vestir roupas E sentir que me gosto assim  Com necessidade de ouvir um "te amo" E me sentir amado E de me permitir a ser amado  Vivo com urgência em me permitir A tudo  A todos  Ao mundo  Com urgência de ser  Por inteiro  Por mim  Pelos outros...  Não, pelos outros não Mas quero que os outros possam me sentir  Vivo com urgência de ser sentido  De ter sentido  De viver com sentido De ser sentimento e de ser tocado Na pele No coração Na alma Só vivo porque sinto E sinto urgência em viver E para continuar vivendo, preciso sentir E com urgência E com urgência preciso aprender a viver sem precisar sentir Porque é um peso Que me prende  Me segura É com urgência que preciso en

Efeito borboleta

Eu sou o caos. Tudo que faço é imprevisível, Não vivo na constância. É revolução. Eu sou as borboletas no estômago. Todas elas causam náusea. Só sei ser uma coisa:                            [Coisa, não gente. Confusão. Sou causa e efeito, Efeito borboleta; E feito vôo Às vezes vou Mas sempre volto... Me desculpe por voltar                          [E nunca saber ir.