O vapor se dissipa pelo banheiro. O tempo ali dentro parecia passar mais devagar, mas quando eu saia, haviam se passado 40 minutos. Muita reflexão, crises de existência e inspirações para que, no fim, quando eu saísse do banho continuasse sendo a mesma pessoa e nada tivesse mudado. Isso se repetia e se repetiria. O espelho refletia três de mim, talvez dois, talvez um. O mais provável é que fosse ninguém. As curvas que eu possuo não me agradam, algumas vezes sim, outras não. Ponho os óculos... tiro-os. Eles ficam tortos... talvez minha sobrancelha direita seja torta, ou meu rosto... Meu nariz parece ser grande, o sorriso com o aparelho não me agrada, e meu corpo muito menos. Há dias que me sinto bem, outros nem tanto, esses são mais recorrentes do que aqueles. A única coisa que amo em mim é o meu cabelo: castanho escuro, sedoso, franja longa, raspado dos lados. Analisando melhor, minhas orelhas são delicadas e discretas. Meus olhos são intensos e repletos de sentimentos. “Os