I
Você percorria meu corpo nu
Com seus lábios e dedos macios
Não era o sexo que importava
Era a lembrança que a gente criava
Ficava impressa na memória
Do tempo, a nossa história.
E a cada noite, nos descobríamos mais
Dois corpos nús, um do outro
Você se demorava em meu rosto
E cochichava ao pé do ouvido
O quanto me amava
Mas foi no mais diminuto detalhe
Que você se demorava
Nas três pintas sequenciadas em meu rosto
II
As quais você nomeu, carinhosamente,
De Três Marias
Me tornei, naquele instante,
O manto escuro da noite
Minha pele era um universo inteiro
Que você explorava com cuidado
Como se fosse algo raro
Delicado de mais para tocar
E perigoso de mais para perder
Mas você é corajoso
E me explorou por inteiro
E encontrou, num canto distante do espaço,
Três estrelas. Você podia ter tudo
Mas preferiu se deter aquele brilho
III
E como sempre
Mostrou-se atento ao que ninguém vê
Encontrou ali o que era belo
O que sempre está perdido
E em outras expedições
Também encontrou o buraco negro mais profundo
Nos meus olhos cor de caramelo;
E nos meus cabelos
As nebulosas mais aconchegantes.
Nos meus dedos, encontrou carinho
E nos meus pés, caminhos a percorrer, comigo.
Mas foi no meu peito que encontrou o que ninguém achou
E que eu jamais procurei saber
Era o sentimento mais intenso por você
IV
Encontrou, ali no coração,
Um espaço só seu
Para chamar de lar
E eu te acolhi
Você jamais quis ligar aquele foguete novamente
Para partir
Onde você permaneceu admirando as estrelas
E estudando aquele nova galáxia
Onde você encontrou beleza
Até na morte das estrelas
E mesmo na beleza da infinitude
Sabendo o que realmente importava
Você escolheu, toda noite, só elas, as três
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